domingo, 3 de julho de 2011


Iansã ou Oyá

Oyá é o orixá dos grandes movimentos e das várias formas. Formas estas que representam seu domínio sobre vários elementos da natureza, a sua essência é a liberdade inclinada à constante transformação. E apesar de ser essencialmente aérea, e de dominar o tempo atmosférico, Oyá é uma das
poucas divindades africanas conhecidas por nós, que se faz presente em todos os elementos primordiais do planeta. Oiá-Iansã, em suas feições de arrebatamento, inconformismo, coragem, atrevimento, cavalga com seus mistérios por todos os elementos que comandam a natureza. Como carne humana é Oyá, como carne animal é um búfalo sobre a terra e entre as folhas, como mulher lotada de sensualidade, é um rio, é água; transformando-se em tempestade é vento e chuva, depois como fogo, é raio e relâmpago.
Oyá corporifica a transgressão feminina. Orixá de personalidade austera, ao mesmo tempo em que é doce e complacente. Controla as suas finanças, cuida do sustento próprio e dos seus, é a protetora dos mercados, a zeladora das mulheres que trabalham e vivem das feiras livres, do comércio. Assegura proteção a toda e qualquer liderança feminina, possui um temperamento severo em suas ações, domina os lares dos quais faz parte.  Porta-se, diante da realidade, com características e hábitos comuns ao universo masculino. Mas é mulher, de sexualidade desenfreada, longe de repressões e de tabus que impeçam o seu prazer. É o orixá do vermelho-marrom que simboliza a intensidade de sua paixão. De acordo aos seus mais conhecidos mitos, Oyá é pura paixão.
Sobre a idéia deste orixá, como símbolo de transgressão do feminino, podemos ver em Gleason (2001, p.12):
nos lugares em que o conceito de feminino permanece primário na imaginação, a feminilidade além dos limites da maternidade - sempre venerada em profundidade - é vista com suspeitas. O que é especialmente interessante em Oya, no contexto iorubá, é a sua recusa em permanecer fora dos enclaves de ideologia e controle social pelo homem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário