quinta-feira, 14 de abril de 2011

Canto para as Iabás-Celebração do Feminino

O espetáculo criado a partir de composições musicais transita pelas linguagens da dança, teatro e poesia, revelando o caminho percorrido por uma mulher, que ao se relacionar com os arquétipos das orixás femininas, evoca as energias da natureza representadas pelas Iabás, cujo termo quer dizer Mãe Rainha, e que no Brasil, é utilizado pra definir todos os orixás femininos. O espetáculo é um percurso por estas diferentes forças arquetípicas, manifestadas pelas múltiplas faces do feminino, levando o público a navegar por este universo inspirado na cultura afro-brasileira. A mulher em suas múltiplas potencialidades exprimindo o poder de sua criação.


Ficha Técnica:


Direção, Concepção, poemas e músicas: Clarice Nejar
Coreografia : Mariana Konrad
Voz e atuação: Clarice Nejar
Percussão e voz: Luana Fernandes
Violão e voz: Carmen Corrêa
Orientação Cênica: Melissa Dornelles
Cenografia: Mariana Konrad e Luna Pesce
Arte Gráfica: Wagner Pinto
Figurino: Grupo Serei-As
Fotografia: Janaína Moraes Franco e Zezé Carneiro 
Produção: Itinerante Produtora e Grupo Serei-As
Apoio Cultural: Casa de Cultura Mário Quintana
Duração do Espetáculo: 50 minutos

domingo, 3 de abril de 2011


 Caminho percorrido

Foto: Janaína Moraes Franco

Tudo começa no ventre da terra. Cultivar as sementes se conectar com as raízes, com a ancestralidade. A guerreira Iansã vem abrir caminho, porque não há conquista sem luta, ela vem gerar o movimento e trazer os mistérios do vento. Ela é transformação.
E então outra força se faz presente no embalo das ondas do mar, Iemanjá vem trazer purificação, o útero materno da grande mãe oceano, vem curar as feridas, acolhendo os medos, trazendo renovação.
E então num doce momento de calmaria, em busca da harmonia, recebemos a energia sutil de Oxum, iluminando nosso coração, o espelho das águas doces reflete nossa beleza, nos fazendo perceber o amor que está dentro de nós. E deste amor surge novos caminhos guiados pelos astros, pelo destino, pela fogueira interior, tudo gira, todas as possibilidades se abrem neste giro, mirando a lua, dançando com a vida, desvendando a magia cigana...descobrimos nossas virtudes: a entrega, a força multiplicadora, os encontros, o brotar da primavera, a festa das flores. Percebemos então nossa natureza divina. O sagrado de cada ato vivido. Os nossos eternos ciclos.



Elas dançam para celebrar a beleza, a abundância, e seu poder emana nesta dança. No ritmo, nos gestos, na sensualidade, fonte de seu encanto.
Elas cantam para se comunicar com seus ancestrais, para expressar seus sentimentos, para embalar suas crianças.
Elas são cuidadoras, protetoras, e em seu peito todos buscam aconchego, afeto, nutrição, alimento.
Elas conhecem os segredos das gerações, os temperos, a magia da alquimia, a cura dos males da alma.
Elas também conhecem o amor de muitas formas, a paixão que devora, o fogo, o amor que harmoniza e consola. A fraqueza, o abandono, a espera por aquele amor simples, aquela alegria sincera de compartilhar e ser múltipla na sua generosa virtude de doar-se e de se renovar como as estações.
Saudando tudo que elas tem a nos ensinar, vamos então tocar, dançar, cantar para todas as Iabás.